Carregando...
 

Diretrizes para Elaboração de Textos Cientí­ficos

A elaboração de redações em lí­ngua portuguesa é uma atividade que envolve uma série de aspectos, dentre eles: conhecimento técnico sobre o tema em questão, domí­nio e aplicação intencional dos mecanismos e construtores do idioma, bem como aspectos estilí­sticos particulares de cada autor.

No desenvolvimento de textos cientí­ficos (artigos, relatórios, monografias, teses, etc), entretanto, certos aspectos são considerados caracterí­sticos e fundamentais. O objetivo é a produção de documentos fundamentados, com pouca ambiguidade, relativamente auto-contidos, contextuais e auto-crí­ticos.

Este documento apresenta diretrizes gerais, erros comuns e checklists para produção de textos cientí­ficos em disciplinas do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas. As diretrizes estão classificadas em dois grupos: essenciais e estilí­sticas. As diretrizes essenciais apresentam as normas e construtores obrigatórios na produção bibliográfica cientí­fica. As estilí­sticas compreendem sugestões de um determinado autor, julgadas por ele como mecanismos indutores das qualidades acima descritas como desejadas.

Diretrizes Essenciais

  • O tí­tulo do artigo/monografia deve ser condizente com o que é apresentado no texto: nem mais nem menos.
  • O resumo deve apresentar, sucintamente, todas as fases do projeto: o contexto no qual está inserido, problema, solução e avaliações.
  • Tente antecipar a estrutura geral do texto, organize previamente seus pensamentos e idéias para identificar a melhor forma de exposição. O sequenciamento do conteúdo é muito importante: first things first. A condução das idéias é igualmente importante: evite saltos temáticos entre um parágrafo e outro. Pense em como o leitor gostaria de ler o seu texto.
  • A Introdução é sua única chance de cativar o leitor. Evite o detalhe antecipado (ir direto demais ao assunto), mas também não subestime o leitor contextualizando demais. A Introdução é um desenvolvimento do resumo apresentado, elaborando o contexto, apresentando o problema em questão e uma visão geral da solução proposta. O último parágrafo da Introdução deve apresentar a estrutura do restante do artigo.
  • A Fundamentação Teórica deve apresentar o estritamente necessário para a compreensão do restante do texto, nem mais nem menos. Definições, conceitos, jargões e técnicas devem ser suportadas por referências consolidadas.
  • Escolha sempre a melhor referência existente para a cobertura do tópico em questão. Pode-se classificar as referências em ordem decrescente de consolidação (importância) em: livros, periódicos, artigos em conferências, relatórios técnicos e web sites. Note que utilizar web sites, tais como Wikipedia, é a sua última opção.
  • Seja sempre consistente no seu texto. Encontre um bom balanço entre consistência e riqueza de vocabulário. Utilizar, por exemplo, o termo "middleware" em uma parte do texto e "framework" em outra - somente para evitar a repetição de expressões - deixa de ser justificado a partir do momento em que começa a confundir o leitor. Por outro lado, "sistema", "aplicação" e "software" podem ser intercambiáveis sem prejuí­zo (desde que o seu texto não discorra sobre a diferença entre sistema, aplicação e software).
  • Termos da lí­ngua inglesa devem sempre ser escritos em itálico. Isto inclui palavras tais como software e hardware, pois apesar de estarem presentes nos dicionários da lí­ngua portuguesa, não foram "aportuguesados" (não escrevemos sófituer, porém shampoo foi aportuguesado para xampú). Polêmico ?
  • Evite frases longas demais, isso prejudica a compreensão e cansa o leitor. Você pode combinar com o seu professor o número máximo de linhas de cada frase. Uma boa regra estilí­stica é intercalar frases maiores com frases menores. Exemplo ruim: "o desenvolvimento de sistemas complexos geralmente é custoso, pois gerenciar a complexidade requer a aplicação de diversas técnicas, incluindo os padrões de projeto, pois promovem a separação de interesses e favorecem a extensibilidade, geralmente prejudicada nas atividades de evolução". Frase reformulada: "O desenvolvimento efetivo de sistemas complexos demanda a utilização de um conjunto de técnicas e ferramentas. Sua correta aplicação, entretanto, não é trivial. Os Padrões de Projeto se destacam como uma dessas técnicas, no sentido em que promovem uma maior separação de interesses e favorecimento da extensibilidade. Consequentemente, a evolução procede de forma menos custosa".
  • Toda sentença do seu texto deve ser bem formada. Cuidado com as frases incompletas, por exemplo "A economia mundial, em consequência das constantes crises que fragilizam os mercados internos, cada vez mais dependentes de capitais estrangeiros."
  • Preze religiosamente pelas concordâncias. Cuidado com as concordâncias entre termos distantes na sentença e que podem ser ocultados por um aposto que induz o erro. Exemplo incorreto: "A Engenharia de Software e Computação Gráfica, duas áreas importantes e extensivamente presente no mercado, constitui pilar promissor no desenvolvimento dos sistemas da próxima geração". Conseque encontrar os quatro erros ?
  • Cuidado com os usos incorretos do infinitivo, por exemplo, "O carro estar quebrado".
  • Nunca utilize expressões figuradas ou conotativas sem uma clara justificativa didática para isso. Exemplos: "colocou-se o software para rodar" (pneu de carro ? Use "executar"), "a técnica XXX foi utilizada para enxugar o código" (quem molhou ? Use "simplificar").
  • Evite afirmações pessoais, passionais e categóricas. Exemplos ruins: "O algoritmo de ordenação XXX é a melhor solução para este domí­nio de aplicação" (afirmação categórica - você conhece todas as soluções existentes no mundo ? Use "... uma das promissoras soluções ...". Outro exemplo: "A ferramenta apresentou um desempenho fantástico e certamente a utilizarei em meus futuros trabalhos cientí­ficos". Afirmar que o desempenho foi "fantástico" denota afirmação passional e "... utilizarei em meus futuros trabalhos ..." é uma afirmação pessoal, afinal qual a relevância cientí­fica disso para o texto ?

Diretrizes Estilí­sticas

  • O texto deve ter um caráter impessoal. Diferente dos textos produzidos na lí­ngua inglesa, onde é comum encontrarmos expressões do tipo "... we designed ... we developed", geralmente não se utiliza a primeira pessoas em textos em português. Prefira "Foram analisados ..." em vez de "Eu analisei", "Pode-se notar ..." em vez de "Pudemos notar".
  • As sentenças que descrevem as suas realizações devem estar todas no passado: "projetou-se", "foi implementado", "avaliou-se", etc.
  • Os número geralmente são escritos por extenso, com exceção daqueles que iriam requerer sentenças maiores. Use: "... utilizou-se cinco máquinas para o experimento ..." em vez de: "... utilizou-se 5 máquinas para o experimento ...". Porém utilize "... foram realizadas 256 repetições do experimento ..." em vez de "... foram realizadas duzentos e cinquenta e seis repetições do experimento ..."
  • Cada item de uma itemização deve terminar com ";" (se curto) ou "." (se mais extenso). A justificativa é que itens curtos seriam integrantes de uma mesma frase, "itemizada" somente para destacar os elementos constituintes. Exemplos:

Os principais representantes das transformadas relacionadas a Fourier são:  

  • Transformada de Fourier;
  • Série de Fourier;
  • Transformada de Fourier de Tempo Discreto; e
  • Transformada Discreta de Fourier.

Entretanto,

Christopher Alexander em seus livros Notes on the Synthesis of Form, The Timeless Way of Building e A Pattern Language, le estabelece que um padrão deve ter, idealmente, as seguintes caracterí­sticas:

  • Encapsulamento: um padrão encapsula um problema/solução bem definida. Ele deve ser independente, especí­fico e formulado de maneira a ficar claro onde ele se aplica.
  • Generalidade: todo padrão deve permitir a construção de outras realizações a partir deste padrão.
  • Equilí­brio: quando um padrão é utilizado em uma aplicação, o equilí­brio dá a razão, relacionada com cada uma das restrições envolvidas, para cada passo do projeto. Uma análise racional que envolva uma abstração de dados empí­ricos, uma observação da aplicação de padrões em artefatos tradicionais, uma série convincente de exemplos e uma análise de soluções ruins ou fracassadas pode ser a forma de encontrar este equilí­brio.

Erros Comuns

  • "Mal cheiro", "mau-humorado". Mal opõe-se a bem e mau, a bom. Assim: mau cheiro (bom cheiro), mal-humorado (bem-humorado). Igualmente: mau humor, mal-intencionado, mau jeito, mal-estar.
  • "Fazem" cinco anos. Fazer, quando exprime tempo, é impessoal: Faz cinco anos. / Fazia dois séculos. / Fez 15 dias.
  • "Houveram" muitos acidentes. Haver, como existir, também é invariável: Houve muitos acidentes. / Havia muitas pessoas. / Deve haver muitos casos iguais.
  • "Existe" muitas esperanças. Existir, bastar, faltar, restar e sobrar admitem normalmente o plural: Existem muitas esperanças. / Bastariam dois dias. / Faltavam poucas peças. / Restaram alguns objetos. / Sobravam idéias.
  • Para "mim" fazer. Mim não faz, porque não pode ser sujeito. Assim: Para eu fazer, para eu dizer, para eu trazer.
  • "Há" dez anos "atrás". Há e atrás indicam passado na frase. Use apenas há dez anos ou dez anos atrás.
  • "Entrar dentro". O certo: entrar em. Veja outras redundâncias: Sair fora ou para fora, elo de ligação, monopólio exclusivo, já não há mais, ganhar grátis, viúva do falecido.
  • "Venda à prazo". Não existe crase antes de palavra masculina, a menos que esteja subentendida a palavra moda: Salto à (moda de) Luí­s XV. Nos demais casos: A salvo, a bordo, a pé, a esmo, a cavalo, a caráter.
  • "Porque" você foi? Sempre que estiver clara ou implí­cita a palavra razão, use por que separado: Por que (razão) você foi? / Não sei por que (razão) ele faltou. / Explique por que razão você se atrasou. Porque é usado nas respostas: Ele se atrasou porque o trânsito estava congestionado.
  • Preferia ir "do que" ficar. Prefere-se sempre uma coisa a outra: Preferia ir a ficar. í‰ preferí­vel segue a mesma norma: í‰ preferí­vel lutar a morrer sem glória.
  • Não há regra sem "excessão". O certo é exceção. Veja outras grafias erradas e, entre parênteses, a forma correta: "paralizar" (paralisar), "beneficiente" (beneficente), "xuxu" (chuchu), "previlégio" (privilégio), "vultuoso" (vultoso), "cincoenta" (cinqí¼enta), "zuar" (zoar), "frustado" (frustrado), "calcáreo" (calcário), "advinhar" (adivinhar), "benvindo" (bem-vindo), "ascenção" (ascensão), "pixar" (pichar), "impecilho" (empecilho), "envólucro" (invólucro).
  • "Aluga-se" casas. O verbo concorda com o sujeito: Alugam-se casas. / Fazem-se consertos. / í‰ assim que se evitam acidentes. / Compram-se terrenos. / Procuram-se empregados.
  • "Tratam-se" de. O verbo seguido de preposição não varia nesses casos: Trata-se dos melhores profissionais. / Precisa-se de empregados. / Apela-se para todos. / Conta-se com os amigos.
  • Chegou "em" São Paulo. Verbos de movimento exigem a, e não em: Chegou a São Paulo. / Vai amanhã ao cinema. / Levou os filhos ao circo.
  • Atraso implicará "em" punição. Implicar é direto no sentido de acarretar, pressupor: Atraso implicará punição. / Promoção implica responsabilidade.
  • Vive "às custas" do pai. O certo: Vive à custa do pai. Use também em via de, e não "em vias de": Espécie em via de extinção. / Trabalho em via de conclusão.
  • A última "seção" de cinema. Seção significa divisão, repartição, e sessão equivale a tempo de uma reunião, função: Seção Eleitoral, Seção de Esportes, seção de brinquedos; sessão de cinema, sessão de pancadas, sessão do Congresso.
  • Vendeu "uma" grama de ouro. Grama, peso, é palavra masculina: um grama de ouro, vitamina C de dois gramas. Femininas, por exemplo, são a agravante, a atenuante, a alface, a cal, etc.
  • "Porisso". Duas palavras, por isso, como de repente e a partir de.
  • Não viu "qualquer" risco. í‰ nenhum, e não "qualquer", que se emprega depois de negativas: Não viu nenhum risco. / Ninguém lhe fez nenhum reparo. / Nunca promoveu nenhuma confusão.
  • O governo "interviu". Intervir conjuga-se como vir. Assim: O governo interveio. Da mesma forma: intervinha, intervim, interviemos, intervieram. Outros verbos derivados: entretinha, mantivesse, reteve, pressupusesse, predisse, conviesse, perfizera, entrevimos, condisser, etc.
  • Ela era "meia" louca. Meio, advérbio, não varia: meio louca, meio esperta, meio amiga.
  • A questão não tem nada "haver" com você. A questão, na verdade, não tem nada a ver ou nada que ver. Da mesma forma: Tem tudo a ver com você.
  • Ele foi um dos que "chegou" antes. Um dos que faz a concordância no plural: Ele foi um dos que chegaram antes (dos que chegaram antes, ele foi um). / Era um dos que sempre vibravam com a vitória.
  • Ministro nega que "é" negligente. Negar que introduz subjuntivo, assim como embora e talvez: Ministro nega que seja negligente. / O jogador negou que tivesse cometido a falta. / Ele talvez o convide para a festa. / Embora tente negar, vai deixar a empresa.
  • Tons "pastéis" predominam. Nome de cor, quando expresso por substantivo, não varia: Tons pastel, blusas rosa, gravatas cinza, camisas creme. No caso de adjetivo, o plural é o normal: Ternos azuis, canetas pretas, fitas amarelas.
  • As pessoas "esperavam-o". Quando o verbo termina em m, ão ou õe, os pronomes o, a, os e as tomam a forma no, na, nos e nas: As pessoas esperavam-no. / Dão-nos, convidam-na, põe-nos, impõem-nos.
  • Chegou "a" duas horas e partirá daqui "há" cinco minutos. Há indica passado e equivale a faz, enquanto a exprime distância ou tempo futuro (não pode ser substituí­do por faz): Chegou há (faz) duas horas e partirá daqui a (tempo futuro) cinco minutos. / O atirador estava a (distância) pouco menos de 12 metros. / Ele partiu há (faz) pouco menos de dez dias.
  • Ficou contente "por causa que" ninguém se feriu. Embora popular, a locução não existe. Use porque: Ficou contente porque ninguém se feriu.
  • à medida "em" que a epidemia se espalhava... O certo é: à medida que a epidemia se espalhava... Existe ainda na medida em que (tendo em vista que): í‰ preciso cumprir as leis, na medida em que elas existem.
  • Não queria que "receiassem" a sua companhia. O i não existe: Não queria que receassem a sua companhia. Da mesma forma: passeemos, enfearam, ceaste, receeis (só existe i quando o acento cai no e que precede a terminação ear: receiem, passeias, enfeiam).
  • Eles "tem" razão. No plural, têm é assim, com acento. Tem é a forma do singular. O mesmo ocorre com vem e vêm e põe e põem: Ele tem, eles têm; ele vem, eles vêm; ele põe, eles põem.
  • A moça estava ali "há" muito tempo. Haver concorda com estava. Portanto: A moça estava ali havia (fazia) muito tempo. / Ele doara sangue ao filho havia (fazia) poucos meses. / Estava sem dormir havia (fazia) três meses. (O havia se impõe quando o verbo está no imperfeito e no mais-que-perfeito do indicativo.)
  • Acordos "polí­ticos-partidários". Nos adjetivos compostos, só o último elemento varia: acordos polí­tico-partidários. Outros exemplos: Bandeiras verde-amarelas, medidas econômico-financeiras, partidos social-democratas.
  • Chamei-o e "o mesmo" não atendeu. Não se pode empregar o mesmo no lugar de pronome ou substantivo: Chamei-o e ele não atendeu. / Os funcionários públicos reuniram-se hoje: amanhã o paí­s conhecerá a decisão dos servidores (e não "dos mesmos").
  • A temperatura chegou a 0 "graus". Zero indica singular sempre: Zero grau, zero-quilômetro, zero hora.
  • A promoção veio "de encontro aos" seus desejos. Ao encontro de é que expressa uma situação favorável: A promoção veio ao encontro dos seus desejos. De encontro a significa condição contrária: A queda do ní­vel dos salários foi de encontro às (foi contra) expectativas da categoria.
  • Comeu frango "ao invés de" peixe. Em vez de indica substituição: Comeu frango em vez de peixe. Ao invés de significa apenas ao contrário: Ao invés de entrar, saiu.
  • Se eu "ver" você por aí­... O certo é: Se eu vir, revir, previr. Da mesma forma: Se eu vier (de vir), convier; se eu tiver (de ter), mantiver; se ele puser (de pôr), impuser; se ele fizer (de fazer), desfizer; se nós dissermos (de dizer), predissermos.
  • Ele "intermedia" a negociação. Mediar e intermediar conjugam-se como odiar: Ele intermedeia (ou medeia) a negociação. Remediar, ansiar e incendiar também seguem essa norma: Remedeiam, que eles anseiem, incendeio.
  • Disse o que "quiz". Não existe z, mas apenas s, nas pessoas de querer e pôr: Quis, quisesse, quiseram, quiséssemos; pôs, pus, pusesse, puseram, puséssemos.
  • O homem "possue" muitos bens. O certo: O homem possui muitos bens. Verbos em uir só têm a terminação ui: Inclui, atribui, polui. Verbos em uar é que admitem ue: Continue, recue, atue, atenue.
  • A tese "onde"... Onde só pode ser usado para lugar: A casa onde ele mora. / Veja o jardim onde as crianças brincam. Nos demais casos, use em que: A tese em que ele defende essa idéia. / O livro em que... / A faixa em que ele canta... / Na entrevista em que...
  • "Inflingiu" o regulamento. Infringir é que significa transgredir: Infringiu o regulamento. Infligir (e não "inflingir") significa impor: Infligiu séria punição ao réu.
  • Espero que "viagem" hoje. Viagem, com g, é o substantivo: Minha viagem. A forma verbal é viajem (de viajar): Espero que viajem hoje. Evite também "comprimentar" alguém: de cumprimento (saudação), só pode resultar cumprimentar. Comprimento é extensão. Igualmente: Comprido (extenso) e cumprido (concretizado).
  • O pai "sequer" foi avisado. Sequer deve ser usado com negativa: O pai nem sequer foi avisado. / Não disse sequer o que pretendia. / Partiu sem sequer nos avisar.
  • "Causou-me" estranheza as palavras. Use o certo: Causaram-me estranheza as palavras. Cuidado, pois é comum o erro de concordância quando o verbo está antes do sujeito. Veja outro exemplo: Foram iniciadas esta noite as obras (e não "foi iniciado" esta noite as obras).
  • A realidade das pessoas "podem" mudar. Cuidado: palavra próxima ao verbo não deve influir na concordância. Por isso : A realidade das pessoas pode mudar. / A troca de agressões entre os funcionários foi punida (e não "foram punidas").
  • O fato passou "desapercebido". Na verdade, o fato passou despercebido, não foi notado. Desapercebido significa desprevenido.
  • "Haja visto" seu empenho... A expressão é haja vista e não varia: Haja vista seu empenho. / Haja vista seus esforços. / Haja vista suas crí­ticas.
  • í‰ hora "dele" chegar. Não se deve fazer a contração da preposição com artigo ou pronome, nos casos seguidos de infinitivo: í‰ hora de ele chegar. / Apesar de o amigo tê-lo convidado... / Depois de esses fatos terem ocorrido...
  • Já "é" 8 horas. Horas e as demais palavras que definem tempo variam: Já são 8 horas. / Já é (e não "são") 1 hora, já é meio-dia, já é meia-noite.
  • A festa começa às 8 "hrs.". As abreviaturas do sistema métrico decimal não têm plural nem ponto. Assim: 8 h, 2 km (e não "kms."), 5 m, 10 kg.
  • "Dado" os í­ndices das pesquisas... A concordância é normal: Dados os í­ndices das pesquisas... / Dado o resultado... / Dadas as suas idéias...
  • Ficou "sobre" a mira do assaltante. Sob é que significa debaixo de: Ficou sob a mira do assaltante. / Escondeu-se sob a cama. Sobre equivale a em cima de ou a respeito de: Estava sobre o telhado. / Falou sobre a inflação. E lembre-se: O animal ou o piano têm cauda e o doce, calda. Da mesma forma, alguém traz alguma coisa e alguém vai para trás.
  • "Ao meu ver". Não existe artigo nessas expressões: A meu ver, a seu ver, a nosso ver.

Checklist

  1. Utilizei o corretor ortográfico antes de enviar o texto para o professor ?
  2. O meu texto está livre de erros de concordância ?
  3. Estou usando resumos estruturados ? O ideal é ter uma sentença para cada um dos seguintes itens: background, objetivos, método, resultados e conclusão.
  4. O meu texto está livre de expressões figuradas, coloquiais ou passionais ? Exemplos de frases ruins: "colocou-se o software para rodar", "a técnica XXX foi utilizada para enxugar o código", "A ferramenta apresentou um desempenho fantástico"
  5. O último parágrafo da introdução apresenta a estrutura restante do artigo ?
  6. O meu texto está livre de expressões em primeira pessoa ? Exemplos: em vez de "Eu/Nós analisei/analisamos", use "Foram analisados". Em vez de "Iremos mostrar", se "Apresentar-se-á".
  7. Exceto para o caso de position paper/work in progress, pré-projetos e trabalhos futuros, todos os tempos verbais do artigo estão no passado ou presente ? Exemplo: "Este artigo apresenta", em vez de "Este artigo irá apresentar".
  8. O meu texto não apresenta espaços antes dos sinais de ví­rgula e de ponto ? O meu texto APRESENTA espaço antes de '(' e referências ? O meu texto não apresenta ví­rgula antes do 'e' ?
  9. Todos (todos significa TODOS) os termos em inglês estão em itálico ?
  10. Todos os parágrafos contêm mais de uma frase ?
  11. Todas as seções contêm mais de um parágrafo ?
  12. Todas as frases possuem no máximo 5 linhas de texto ?
  13. Todas as siglas foram explicadas na primeira vez em que aparecem no texto ? Exceções: siglas óbvias tais como API, GUI, etc.
  14. Todos os termos, tecnologias, frameworks, middlewares, etc possuem referências ? Estas referências são as melhores possí­veis ? Ordem de preferência (melhor para pior): livro -> artigo em periódicos -> artigos em conferências -> relatórios técnicos e web sites.
  15. Estou usando letra minúscula após o dois-pontos ?